sexta-feira, 30 de abril de 2010

Visão míope do mercado de trabalho

Ainda não é a entrevista bacanérrima que prometi, mas ela vai rolar em breve. A inspiração do post de hoje veio depois de uma conversa com uma amiga minha, em que ela expôs suas dúvidas sobre uma decisão que precisava tomar. Ela tem uma oportunidade que vejo como única: uma experiência no exterior para trabalhar em um projeto da área, em uma Universidade. E sabe um dos conselhos que ela ouviu? Que se ela fosse ela ficaria muito tempo fora do mercado de trabalho - ela formou junto comigo, em dezembro de 2009.

Isso e outras coisas do tipo que já ouvi - que pós-graduação, por exemplo, não serve para nada, que é só você estudar, buscar conhecimento - só me fazem pensar uma coisa: que visão míope! Não sei se é esse mesmo o significado da expressão, mas, para mim, ter visão míope é não saber enxergar a médio e longo prazo, é ter uma visão limitada, imediatista.


Para miopia, usamos óculos ou lente e pronto! Problema resolvido! Já para esse tipo de miopia, é necessário rever alguns conceitos. É mais importante ter um emprego ou uma carreira? Para ter um emprego basta estar disponível no mercado, ter o mínimo de conhecimento e aceitar qualquer proposta que apareça, só para falar que tem um emprego e ter um salário no final do mês - não generalizando, ok? Mas para construir uma carreira é preciso pensar a longo prazo, no que você pode fazer hoje para conquistar aquilo que você almeja daqui a cinco, dez anos. E nesse caso, será que importa tanto se você vai entrar no mercado de trabalho hoje ou daqui a um ano se você estiver fazendo algo que vai ajudá-lo a chegar lá?

* Formar e logo começar a trabalhar vai ajudar? Pode ser que sim, pode ser que não. Depende do emprego e de sua postura. Aceitar qualquer proposta só para começar logo a trabalhar pode não ser a melhor escolha. Qualquer salário então...nem se fale! Pode ser muito difícil convencer seu segundo empregador a lhe oferecer um salário melhor que o anterior, principalmente se você ainda estiver "na mesma". Pior ainda é ficar pulando de galho em galho. Ficar em qualquer emprego até arrumar um melhor e, com isso, mudar de emprego a cada dois, três meses. Tem gente que até pensa que é bom, que o recrutador vai pensar que ele "tem muita experiência". Aposto que ele vai pensar que você não duraria muito tempo na empresa dele ou que não é bom de serviço. O que vale não é quantidade, é qualidade.
* E fazer uma pós-graduação (seja lato ou stricto sensu)? Ainda tem dúvidas? Você acha que se o recrutador tiver dois currículos, ambos parecidos e com as mesmas coisas que ele busca, qual ele vai preferir: com ou sem pós? Além disso, tem a questão salarial, como expliquei nesse post. Em termos de conhecimento, sou capaz de apostar que se você souber escolher bem o curso, optando por uma boa instituição, vai aprender sim, além de fazer contatos. Isso não exclui sua responsabilidade de estudar, correr atrás. Em uma seleção não basta falar que sabe isso e aquilo, tem que provar que sabe. Você pode fazer isso comprovando as experiências e mostrando os títulos que tem. Achar que uma pós-graduação é totalmente dispensável, para mim, é muita pretensão.
* Experiência internacional? YES!!! Principalmente se não tiver sido só para lavar prato e aprender inglês - sem preconceitos, gente! Se experiência na área é importante, imagine se ela for internacional?! Conta, digamos, uns mil pontinhos! Falo isso por experiência própria. No Programa Próximos Líderes da Natura, me perguntaram se eu tinha uma experiência internacional. Respondi que não, que faltou oportunidade e que minha situação financeira ainda não permitia. Antes que eu dissesse que estava em meus planos para assim que conseguisse juntar dinheiro a recrutadora já perguntou: "mas você sabe que isso é muito importante né?". Pois bem, isso dispensa mais comentários.

Só quero deixar claro que não estou recriminando quem não fez uma pós, quem não viajou e quem já começou a trabalhar, até porque eu fiz isso. E quem sou eu para recriminar alguém? Só estou questionando as duas formas de fazer escolhas, de pensar o mercado de trabalho.

Enfim, se você pensar só no agora pode passar o resto da sua vida na mesma: mesmo emprego, mesmo salário, etc. Pense grande, olhe para frente! Você pode até começar pequeno, devagar, mas pode ir muito mais longe.

4 comentários:

  1. Adorei o post amiga!!! Me identifiquei muito. Muitas dúvidas sobre qual seria o melhor caminho...
    A minha opção agora é a de andar devagar...
    Saudaaaaaaades...
    Beijao!

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  2. Naissa,
    Achei muito interessante as matérias de seu blog, especialmente a última.
    Tenho muito orgulho de você. É muito bom ver que minha irmã mais nova está escrevendo coisas tão interessantes.Foi muito bom pra mim ler esse seu ultimo artigo. bjos Haroldo

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  3. Naissa, excelente post.
    Assim como você disse, acredito que mudança de areas seja interessante, mas não deve cair no erro de mudança a cada dois ou tres meses.
    Isto trás muita insegurança para o empregador além de ser um tempo muito curto para se adquirir experiência. Por outro lado o comodismo em um mesmo emprego ou profissão cega os olhos e vontade de evoluir e desenvolver-se.

    Continue assim, continuo te acompanhando.
    t+

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  4. Oi Reinaldo!
    Obrigada pelo comentário, que bom que gostou!
    Concordo com você, não podemos nos acomodar, mas devemos ter coerência.
    Abraços!

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